26 de dezembro de 2017

Como dar banho de ouro em bijuterias

10 passos para dar banho de ouro em bijuterias Banhar bijuterias tem sido uma proposta com procura cada vez maior e vejo muita gente que se dispõe a banhar de forma precipitada sem conhecimento e sem planejamento. Nesta publicação pretendo ajudar aquelas pessoas que querem banhar bijuterias, são 10 passos que irão ajudar a fazer melhor: 01 -Definir o que vou banhar? (anéis, pingentes, correntes, brincos…) A linha galvânica precisa ser planejada para banhar os diferentes tipos de peças de forma adequada para dar boa qualidade de acabamento. Querer banhar tudo requer mais equipamentos como gancheiras especiais, roletes para correntes, tambor para peças miúdas; ou criatividade para adaptar uma linha para ter esta flexibilidade. Nada é impossível, requer somente conhecimento para ajustar a linha aos diferentes tipos de peças. 02 -Qual metal base vou banhar? (latão, zamac, aluminio, ferro, aço inox…). É muito comum que as pequenas empresas busquem comprar peças brutas para montar e banhar; e a dificuldade é saber qual é o metal que estas peças foram produzidas. É importante ter em mente que diferentes metais base necessitam diferentes pré-tratamentos como desengraxante específico ou ativações ácidas mais ou menos forte. 03 -Que quantidade vou banhar? É importante saber qual é a capacidade de cada tanque de banho. Por exemplo, o gargalo de uma linha de bijuterias quase sempre são os banhos de cobre ácido e níquel, porque estes banhos são responsáveis para dar brilho e nivelamento na superfície das bijuterias e por isso ficam nos banhos por mais tempo. Já o banho de ouro é muito rápido, então os tanques podem ser menores. Saber antecipadamente o que vai banhar e a quantidade faz com que seja possível um bom planejamento e se possa dimensionar sua linha galvânica à capacidade de produção. Muitas vezes, pequenos ajustes como aumentar o volume de tanques como o níquel e o cobre ácido podem duplicar ou até triplicar a capacidade de produção. 04 -Que qualidade desejo para a bijuteria que estou produzindo? Geralmente todos dizem que querem a melhor qualidade, mas ela implica em maior custo e portanto: produto mais caro. Dependendo da especificação do produto que desejo produzir vou definir a qualidade e também o seu custo para poder estimar qual o preço de custo e o preço de venda. Minha recomendação é considerar que anéis precisam de camada de ouro maior porque tem muito atrito, já os brincos não necessitam tanta camada. 05 -Definir a sequência e os tipos de banhos Se vou banhar peças de latão por exemplo a sequência operacional é padrão: Desengraxante universal, ativação, cobre alcalino, cobre ácido, níquel e ouro (*um banho), ou (** 3 banhos). *Para o ouro se for flash ou bijuteria simples é um banho de ouro **Para o ouro em bijuterias folheadas, conhecidas como semi jóias são necessárias 3 camadas de ouro: pré-ouro, ouro camada e banho de ouro cor final. 06 -Cálculo de capacidade produtiva da linha galvânica Este é um cálculo fundamental para todo operador. Se tenho uma linha galvânica, não importa o tamanho; preciso saber quanto consigo produzir com ela. Por exemplo o banho de douração simples contém 1 grama de ouro por litro, mas não é recomendado retirar do banho todo este metal. A recomendação é retirar 10% e repor o ouro e componentes, assim a qualidade da camada será sempre boa e o banho irá durar muito tempo. Isto vale também para todos os banhos, cobre, níquel e outros. Portanto se você vai banhar um lote de peças verifique antes de começar se tem insumos para manutenção. 07 -Tamanho dos tanques Ao planejar banhar verificar se o tamanho das peças está adequado ao dos tanques. Peças que ficam muito próximas dos anodos tendem a “queimar”. Também verificar se a proporção anodo/peças está adequado, a recomendação é 2:1 ou seja a área dos anodos deve ser duas vezes maior que das peças. Também porque algumas etapas representam o gargalo da produção e neste caso dimensionar este tanque-gargalo (banhos de cobre e níquel) maior para o bom fluxo da produção 08 -Calcular o tempo e as camadas de cada banho O cálculo da sequência operacional com definição e ajuste dos tempos necessários em cada banho é que vai definir a qualidade e o custo do banho. Geralmente se aplica maior camada nos banhos de cobre ácido e níquel porque eles são responsáveis pelo brilho e nivelamento das superfícies. Não adianta aplicar uma excelente camada de ouro se estes acabamentos intermediários não ficarem satisfatórios. A regra é que quanto melhor o brilho e acabamento do metal-base, menor necessidade destes outros banhos. O tempo nos banhos de cobre e níquel pode variar de 5-15 minutos. Nos banhos de ouro (se for só flash de ouro) de 10-30 segundos. Se for ouro camada, deve-se calcular que camada se deseja aplicar, não há limite, mas geralmente se aplica de 0,2-5 µm (micrometros). Outros preferem aplicar milésimos de peso 2-10 milésimos de peso (2-10 gramas de ouro por Kg de peças). Veja a publicação de 4/11/2017 sobre a diferença entre microns e milésimos de peso. 09 -Controle dos banhos A análise de tudo que sai do banho e de tudo que precisa ser reposto é que vai definir a durabilidade dos banhos, sobretudo dos banhos de ouro que contém quantidades de metal pequenas e qualquer descontrole faz perder a qualidade do acabamento desejado. Recomendo fazer análise química dos banhos, bem como os testes de manutenção necessários. Também recomendo elaborar uma planilha de controle de tudo que foi banhado, dos metais correspondentes e de tudo que foi reforçado para se ter um bom controle das soluções galvânicas. 10 Controle da qualidade das peças Após realizado o trabalho, um bom controle de qualidade é importante. Controles simples como verificar manchas, tonalidade do banho de ouro, aderência dos banhos é fundamental. Outros controles importantes, mas nem sempre possíveis como verificar a espessura da camada de ouro e resistência do depósito; podem ser requisitados ou desenvolvidos; mas quase sempre necessitam de suporte de laboratório e equipamentos específicos. Com a observação destes passos é possível iniciar a produção de um bom trabalho, mas recomendo ainda consultar sempre as orientações técnicas de cada banho, gerados pelos fornecedores de processos galvânicos, bem como observar que cada etapa de banho representa manusear produtos químicos que exigem observar os cuidados e perigos; portanto leiam atentamente cada recomendação ao manusear produtos químicos.
WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

Possui graduação de Bacharel em Ciências com Habilitação em Química e Atribuições Tecnológicas pela Faculdade de São Bernardo do Campo (FASB), 1980. É Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), 2011. Atua na ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície desde 1994, foi presidente na gestão 2010-2012, foi coordenadora do EBRATS 2015 - 15º Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície e IV INTERFINISH Latino Americano, foi Diretora Cultural nas gestões 2004-2006 e 2007-2009, atualmente é vice Diretora Cultural. É consultora técnica e representante comercial.

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