<strong>Qual a diferença entre Folheado e Gold Filled?</strong>
30 de março de 2021

Qual a diferença entre Folheado e Gold Filled?

Qual a diferença entre as Jóias Folheadas e Gold Filled

No passado o Brasil começou produzindo algo parecido com o Gold filled e era conhecido como chapeado mecânico, alguns chamavam de folheado (uma folha de ouro envolvendo o núcleo), isso foi na década de 70-80. Esta técnica foi sendo substituida pelo processo galvânico, que durante muito tempo não tinha identidade, alguns chamavam de chapeado galvânico, folheação, semi jóia. Hoje o termo é "folheado", e não conheço na atualidade nenhuma empresa que usa a técnica do chapeado mecânico no Brasil. Acredito que devido ao fato de que o folheado obtido através do processo galvânico adquiriu ao longo do tempo, vantagens como qualidade técnica e facilidade de aplicação.

O termo "Folheado" no Brasil se caracteriza por uma bijuteria com maior camada de ouro; temos uma norma que define "folheado" a toda mercadoria com espessura de camada superior a 2 milésimos (termo usado para quem aplica 2g de ouro por 1000g peças). O mercado trabalha entre 2-10 milésimos de peso. Algumas empresas trabalham com maiores quantidades.

Veja a diferença entre jóias, folheados e bijuterias

https://wilmaatsantos.com.br/2018/02/15/qual-a-diferenca-entre-bijuterias-folheados-semi-joias-e-joias/

O termo "Gold Filled" é um termo usado nos EUA que também caracteriza um produto melhor que bijuteria. O processo é uma chapa fina de uma liga de ouro juntada mecanicamente a um metal como cobre, latão, etc. A norma exige que a peça final, tenha ouro equivalente a 1/20 do peso que significa 50g de ouro a cada 1000g peças, mas a liga de ouro pode ser 9K;10K; 12K; 14K ou 18K. Significa que se por exemplo usar 12K, a quantidade de ouro é a metade (24K é ouro 100%). Ou seja, no exemplo 12K se olhar a quantidade de ouro puro contido cai para 25 milésimos.   

Portanto, ambos se dispõe a produzir peças mais baratas que a jóia pura, a diferença básica é a técnica de produção, no folheado é produzido uma peça em metal como cobre, latão, bronze e esta peça sofre diversos acabamentos galvânicos e no final recebe as camadas de ouro eletroliticamente, que pode chegar a espessuras ou quantidades de ouro do gold filled ou até superior (depende do produtor).  No gold filled uma chapa de liga de ouro envolve o metal base mecanicamente usando pressão e temperatura e nesta técnica é difícil aplicar espessuras/quantidades menores porque a folha de ouro tem limitação de espessura e acredito que também limite a variação de modelagem porque muitos designs de peças não comporta a aplicação da técnica.

Eu sempre defendo a camada "folheada" galvanicamente em relação ao chapeado mecânico, que nos EUA é chamado gold filled; a seguir farei alguns comentários sobre as duas técnicas:

Gold filled

1-  Apesar de a quantidade de ouro ser maior, por se tratar de uma chapa que envolve o núcleo de cobre, latão, alpaca etc; sempre haverá cortes, pontos de solda, e estas superfícies serão áreas suscetíveis de corrosão, porque pode expor o metal menos nobre à atmosfera agressiva.

2- Se a peça for estampada e sofrer conformações, nas regiões de dobra a camada de ouro ficará menor e geralmente isto acontece nas áreas de maior desgaste ao uso.

3- É usado uma liga de ouro mais baixa (14K 58,5%; 12K 50%; 10K 41%; 9K 37,5% de ouro, respectivamente) ainda que em maior espessura, tem maior chance de avermelhar porque geralmente tem maior quantidade de metais não nobres como cobre e prata na liga. Além de no final conter menos ouro, como exemplo: numa peça gold filled 12K equivale a 25 milésimos de ouro contido). 

obs. Pode ser que a norma seja de ouro fino, mas não encontrei esta distinção.

4- Mesmo que quisessem, não conseguiriam produzir espessura de chapas muito mais finas para fazer esta "folha" e recobrir mecanicamente o metal usado como base.

5-Limitação de produzir modelagens complexas

Folheados, semijóias (termos usados no Brasil)

1- Galvanicamente é possível aplicar qualquer espessura, desde um flash (0,02 µm) até espessuras de eletroformação (espessuras de camadas que formam paredes ocas mecanicamente resistentes, aproximadamente 150 µm). Esta característica dá muita flexibilidade à gama de produtos que a técnica pode atender. Por outro lado, facilita àqueles que querem produzir peças e aplicar menos ouro.

2- O grande problema do nosso mercado é a variedade de espessuras que encontramos, varia desde um flash (não pode ser denominada peça folheada), à peça folheada que é acima de 2 milésimos de ouro (variação normal 2 a 30 milésimos) - então definir a qualidade depende de cada aquisição.

2-O termo milésimos não define a qualidade do produto - define somente a quantidade de ouro envolvida na peça. Fica fácil definir preço e custo, mas não dá segurança de qualidade. Neste caso é importante conhecer a forma de uso da peça, por exemplo um brinco não necessita tanta camada porque não vai sofrer atrito, enquanto que um anel terá ao uso, grande chance de desgaste mesmo em camadas bem superiores.

3- A uniformidade da cobertura do folheado galvanicamente é muito melhor, porque vai cobrir toda a superfície do metal base, não deixando expostos regiões de corte, solda, etc.

Veja a diferença de microns e milésimos de peso no link:

https://wilmaatsantos.com.br/2019/07/09/qual-a-diferenca-entre-milesimos-peso-e-microns-2/

Vermeil (termo origem na França)

Caracterizado por peças de prata banhadas com ouro cujas espessuras das camadas seja de no mínimo 2,5 µm (micrometro) . Aqui vale lembrar que nos EUA a unidade é polegadas então esta mesma peça teria espessura de aproximadamente 100 µin (microinches). Se usar o termo microns, sem a unidade dá a impressão de que nos EUA se aplica muito mais camada.

No Brasil algumas empresas operam com espessura de camada (e chamam de “folheado”, porque está dentro da especificação de quantidade de ouro aplicada) que e é uma forma melhor para definir qualidade ou tempo de uso.

Veja sobre a necessidade de conhecer unidades e termos, segue link:

https://wilmaatsantos.com.br/2019/02/07/globalizacao-requer-conhecer-unidades-de-medida-para-camadas-de-ouro-micrometros-ou-micropolegadas/

Fonte:

  1. ecfr.federalregister.gov
  2. ABNT/CB-33 - PROJETO 33:000.01-001 - Jóias folheadas a ouro – Classificação do revestimento de ouro
  3. Blog Galvanoplastiapratica
WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

Possui graduação de Bacharel em Ciências com Habilitação em Química e Atribuições Tecnológicas pela Faculdade de São Bernardo do Campo (FASB), 1980. É Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), 2011. Atua na ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície desde 1994, foi presidente na gestão 2010-2012, foi coordenadora do EBRATS 2015 - 15º Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície e IV INTERFINISH Latino Americano, foi Diretora Cultural nas gestões 2004-2006 e 2007-2009, atualmente é vice Diretora Cultural. É consultora técnica e representante comercial.

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