Porque embalagens de bijuterias e semi-jóias podem acelerar o processo de corrosão?
15 de julho de 2021

Porque embalagens de bijuterias e semi-jóias podem acelerar o processo de corrosão?

Os metais têm diferentes sensibilidades, alguns são mais resistentes e outros não. Mas, vou tecer algumas considerações

Sempre recebo perguntas do tipo: “Eu tenho uma pergunta, com relação a jóias de prata, aço inox, artigos banhados a ouro 18k e também banhados a ródio… Se eu colocar os artigos em caixinhas de papelão ou de plástico (aquelas caixinhas de jóias mesmo, com logo etc)… e mandar pra um depósito, de onde os produtos serão despachados conforme forem vendidos… Você acha que o metal vai continuar como novo por um tempo?
Tipo, digamos que o produto não seja vendido por um ano… Será que quando ele for vendido ainda estará bonitinho como novo?

Agradeço a Marisa pela pergunta, segue a resposta:

Os metais têm diferentes sensibilidades, alguns são mais resistentes e outros não. Mas, vou tecer algumas considerações:

1- Jóias de ouro 18K são 75% de ouro, mas os 25% restantes são de cobre e/ou prata que tendem a oxidar, então a jóia pode adquirir uma cor mais forte, principalmente durante a estocagem (dependendo do ambiente: umidade, ambiente industrial, calor, etc;) além do material da embalagem em que foi colocado. Dependendo da condição forma uma câmara de corrosão.

2- A prata então, só não escurece se o ambiente for totalmente inerte. O calor, o ambiente de grandes cidades por si só já amarela e depois pode ficar até preto (azulado).

3- As peças banhadas tem ainda o agravante de ser uma fina camada de ouro…muitas vezes muuuito fina. Geralmente o que  oxida são os metais de baixo que migram para a superfície devido a porosidade das camadas. Os folheados a ouro 18 K tem uma resistência maior devido a camada de ouro maior, porém continua com o fato de que embaixo tem metal não nobre e a liga do depósito ser cobre e outros metais.

4- O aço inox é inoxidável, geralmente peça maciça, então não vai oxidar. O risco é se ele sofreu algum tratamento para dar banho de ouro ou prata e esse tratamento destruiu a característica inoxidável do aço.

5- O ródio é o mais excelente de todos os revestimentos, melhor que o ouro na dureza do revestimento, não oxida mas, camadas baixas costumam deixar porosidades e se houver migração, os metais de baixo não resistem e aí são atacados.

6- Embalagens e estocagem – checar se o material (papelão, plástico, madeira, papel) não libera produtos químicos sobretudo a base de enxofre, umidade, calor, luz…tudo isso ajuda nos processos de oxidação das peças e, dois metais em presença de umidade pode formar pilha e assim acelerar o processo.

7-Vale lembrar que existem vários tipos de oxidação, se for superficial e fina; que ocorre nas jóias de ouro, prata e muitos materiais folheados;  geralmente uma limpeza, desoxidação e desengorduramento as peças voltam ao normal. Se for uma oxidação mais profunda (a que ataca a base após penetrar por um pite) aí fica difícil recuperar a peça.

8-Atualmente as empresas trabalham com aplicação de camadas de proteção sobre os revestimentos, esta camada dá uma proteção sobretudo durante o período de estocagem, devido a proteção ser somente química, e ao uso haverá o desgaste da peça e estas camadas de proteção desenvolvidas até agora não tem grande resistência ao atrito.

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

Possui graduação de Bacharel em Ciências com Habilitação em Química e Atribuições Tecnológicas pela Faculdade de São Bernardo do Campo (FASB), 1980. É Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), 2011. Atua na ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície desde 1994, foi presidente na gestão 2010-2012, foi coordenadora do EBRATS 2015 - 15º Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície e IV INTERFINISH Latino Americano, foi Diretora Cultural nas gestões 2004-2006 e 2007-2009, atualmente é vice Diretora Cultural. É consultora técnica e representante comercial.

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