Qual a diferença entre Bijuterias, Folheados (Semi Joias) e Joias?
15 de fevereiro de 2018

Qual a diferença entre Bijuterias, Folheados (Semi Joias) e Joias?

Como usuário, quem não teve dúvidas a respeito do produto ao comprar um artigo dourado? Como diz o velho ditado “nem tudo que reluz é ouro”

Qual a diferença entre Bijuterias; Folheados (Semi joias) e Joias?

Introdução

Como usuário, quem não teve dúvidas a respeito do produto ao comprar um artigo dourado? Como diz o velho ditado “nem tudo que reluz é ouro”, principalmente com as inovações tecnológicas proporcionando artigos decorativos com aparência de acabamento comparáveis às verdadeiras joias.

Afinal qual é a diferença entre bijuteria, folheado (semi joia, chapeado) e joia?

1- Quantidade de ouro envolvida Vamos começar dizendo que tudo ou quase tudo que tem a cor dourada tem ouro, e as propriedades químicas e físicas do metal são incomparáveis. O que varia, em qualidade, durabilidade e custo é a quantidade de ouro que envolve a peça, ou a espessura da camada de ouro que está recobrindo a peça banhada à ouro.

As espessuras das camadas de ouro aplicadas galvanicamente em uma peça, podem variar de 0,02µm a 300µm (micrometros), mais comum em nosso mercado é 0,02µm a 5µm (micrometros); mesmo assim é uma diferença enorme que chega a ser de 250 vezes mais ouro entre uma e outra peça.

Falando em termos de peso, porque muitos produtores trabalham com a linguagem de gramas Au/Kg peças, as camadas variam de 0,2 a 20 gramas de ouro por quilo de peças.

Se for traduzir em custo considerando que 1 grama de ouro custa R$ 136,00:

Bijuteria - 0,2-2 gramas Au por quilo de peças Custa de R$ 27,20 a R$ 272,00

Folheado 18K – (75% Au) - 2-15 gramas Au por quilo de peças - Custa R$ 272,00 a R$ 2.040,00

Joia de ouro 18K – (75% Au) - 750 gramas Au por quilo de peças Custa R$ 102.000,00

Tabela 1- Comparativo da quantidade de ouro envolvida na fabricação de 1 kg de peças e seu custo (somente do ouro aplicado), sem considerar outros fatores que interferem na qualidade e durabilidade das peças.

2- Tratamento galvânico que as peças são submetidas

Para as bijuterias e folheados (semi joias), as peças podem ser produzidas com metal base diverso, melhores ou piores, mas é no acabamento galvânico que elas adquirem a aparência, a qualidade e durabilidade. O tratamento galvânico pode melhorar o nivelamento, brilho, dureza e resistência à corrosão. Geralmente são aplicadas camadas galvânicas de cobre, níquel e/ou bronze. O importante é identificar a partir do metal base, quais os pré-tratamentos necessários como polimento mecânico, químico e sequencia galvânica para a obtenção de um acabamento de qualidade, livre de defeitos na superfície.

A diferenciação da bijuteria com o folheado (semi joia) está na espessura da camada de ouro aplicada na última etapa do processo galvânico.

Quando se trata de uma simples bijuteria é aplicado um único banho com uma fina camada de ouro (neste caso quanto mais fina a camada - melhor, porque o objetivo único do banho de ouro é dar a cor dourada).

No caso do folheado, geralmente são aplicadas 3 camadas de banhos de ouro que são:

- Pré-banho de douração – camada de preparação

- Banho de camada – para obter a espessura da camada de ouro desejada. Neste quesito é comum aplicar 2 gramas de ouro por quilo, 5, 10 até 20 gramas de ouro por quilo.

- Banho douração de cor final – camada de ouro com tonalidade da moda

A exceção nas joias de ouro onde elas já são produzidas em ligas de ouro, onde há necessidade dos pré-tratamentos mecânicos ou químicos, mas o acabamento galvânico é desnecessário na maioria das vezes, porque não há o que recobrir. Em alguns casos há a aplicação de banhos galvânicos de ouro sobre a joia de ouro, mas não são utilizados os banhos intermediários como cobre, níquel e outros.

3- Metal base

Para a produção de bijuterias e folheados são empregados ligas de metais como o latão, ligas de estanho, zamac, ferro e outros metais. Mesmo entre eles há uma grande diferença de preço o que pode tornar o custo final maior ou menor.

Para os folheados o mais comum é o emprego da liga de latão (liga composta de Cu/Zn), que devido a alta temperatura de fusão da liga, a produção é similar ao da produção da liga da joia de ouro, utilizam o processo de fundição por cera perdida.

Para as bijuterias a liga mais comum é de zamac (liga composta por Zn/Mg/Al) e outras ligas de estanho, que são ligas bem mais baratas que o latão, conhecidas como metais de baixa fusão e sua produção é muito mais simples por são necessitar usar o processo de cera perdida e sim discos de borracha cujo metal dissolvido é escoado por centrifugação, ao desenformar as peças a borracha é reutilizada diversas vezes.

Para a produção de joias de ouro são empregadas ligas de ouro (Au/Cu/Ag); metal que é considerado precioso, conhecido como metal nobre, valioso devido as suas características técnicas, resistência à corrosão, beleza e escassez. Para a produção de joias é empregado o sistema de fundição de cera perdida, técnica muito antiga que vem sendo aprimorada ao longo do tempo com a utilização de pré-ligas e técnicas de micro fundição.

Preço médio das ligas de metais mais empregados:

Ligas de metais Metal base para:

Bijuterias - Liga de zamac (Zn/Mg/Al) - Custa R$ 15,00 – R$ 20,00* por quilo liga

Folheados (Semi joias) -Liga de latão (Cu/Zn) - Custa R$ 40,00 – R$ 60,00* por quilo liga

Joia de Ouro - Liga de ouro 18K (Au/Cu/Ag)- Custa R$ 107.000,00 por quilo de liga

Tabela 2 – Tipos de metais empregados em bijuterias, folheados (semi joias) e joias e estimativa de preços das ligas de metais por quilo. *Preços encontrados em pesquisa sem aprofundamento.

4- Um pouco de história

Quem nasceu antes da década de 1960 irá lembrar que mesmo a joia sofreu uma grande popularização. Naquela época a grande maioria das joias eram produzidas por artesãos conhecidos como ourives, estes transformavam joias herdadas de mãe para filha em outras joias. Os ourives também produziam peças novas sob encomenda. A popularização das joias se deu com a aplicação da conhecida técnica de fundição de cera perdida em que um modelo de joia produzida pelo ourives (até então uma peça única) pôde ser multiplicada em centenas e milhares de peças iguais.

A peça única produzida pelo ourives, passou então a ser utilizada como modelo e confeccionado o molde de borracha. A partir do molde de borracha são reproduzidas peças iguais ao modelo em cera. As peças em cera são dispostas em forma de árvores de cera e introduzidas em cilindros de gesso. O gesso ao secar forma a base para queimar a cera, escoá-la e em seu lugar ser derramado a liga de ouro fundida. Ao esfriar e quebrar o gesso são reproduzidas as joias iguais ao modelo, necessitando somente dar o acabamento final às peças.

Este mercado sempre foi direcionado para a classe de alto poder aquisitivo sem atingir a grande massa da população.

Hoje até mesmo a profissão de ourives que se tornou modelista ao longo destes anos está em extinção, sendo eles substituídos pelas impressoras 3D e softwares de design gráfico. Mesmo com a industrialização em massa na produção de joias, o alto custo do metal ouro sempre foi o grande empecilho para o consumo da joia de ouro, que continua sendo objeto de presentes de ocasiões muito especiais.

O grande diferencial se deu com a galvanoplastia de metais nobres e a possibilidade de produção de peças fundidas com metal como o latão, infinitamente mais barato que o ouro. Nesta época nasceu a Semi joia ou o Folheado Galvânico com proposta de aplicar uma grande camada de ouro que chegava de 80-200 gramas de ouro por quilo de peças (década de 70-80); esta camada de ouro era aplicada sobre as peças de latão produzidas por fundição, tratadas com o mesmo esmero da joia de ouro. Este produto alcançou uma parcela muito maior da grande população, com grande qualidade e custo de produto no mínimo 3 vezes menor do que a joia de ouro 18K que contém 750 gramas de ouro por quilo de peças.

Com o passar do tempo, a espessura da camada de ouro do Folheado (semi joia) foi diminuindo chegando aos patamares atuais cujo comparativo está na Tabela 1. Mesmo assim há uma grande diferença de teor de ouro e de qualidade entre os diversos fabricantes.

Atualmente a fundição de metais de baixa fusão tornou o produto ainda mais barato, podendo ser produzidas peças de igual aparência tanto nas ligas de baixa fusão, como no latão ou liga de ouro, o que torna difícil identificar a real qualidade do produto, tanto no metal empregado quanto na quantidade de ouro aplicada na peça.

5- Conclusão

Bijuterias, folheados (semi joias) ou joias são produtos consumidos por todas as classes sociais, independente do poder aquisitivo as pessoas valorizam além do valor intrínseco do produto e de seus componentes o design e a aparência do produto. Hoje a joia é mais acessível as classes medias e a bijuteria ou o folheado são objetos de consumo também das classes mais altas. Os artigos de adorno se tornaram tão populares que ganharam a descartabilidade, possíveis a partir de produtos de baixo custo e aumentaram o consumo e a demanda. Não se pode esquecer que o valor real de um produto deve ser considerado, não somente a partir do design, mas também a partir de sua composição, metal base utilizado, tratamentos realizados, proteções aplicadas e espessuras das camadas, principalmente de ouro contido, assim o consumidor poderá optar pelo produto que mais o agrade conhecendo o real valor do que está consumindo.

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

Possui graduação de Bacharel em Ciências com Habilitação em Química e Atribuições Tecnológicas pela Faculdade de São Bernardo do Campo (FASB), 1980. É Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), 2011. Atua na ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície desde 1994, foi presidente na gestão 2010-2012, foi coordenadora do EBRATS 2015 - 15º Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície e IV INTERFINISH Latino Americano, foi Diretora Cultural nas gestões 2004-2006 e 2007-2009, atualmente é vice Diretora Cultural. É consultora técnica e representante comercial.

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